O medo é um sentimento comum na vida de todos. Mesmo os mais fervorosos cristãos tiveram seus momentos de temor, a diferença é que alguns foram dominados por tal sentimento e outros o dominaram e subjugaram o medo pela Fé (seja uma Fé em Deus ou em si mesmos).
Qual a definição de medo?
No grego Phobos ( φόβος, medo, derivado: fobia)
No dicionário Aurélio, medo significa:
1. Sentimento de grande inquietação ante a noção de um perigo real ou imaginário, de uma ameaça; susto, pavor, temor, terror.
2. Receio (Dúvida, Apreensão quanto a possível dano, perigo ou malogro; medo, temor)
Na mitologia Phobos era fruto da união entre os deuses gregos Ares e Afrodite. Irmão Gêmeo de Deimos, Simbolizava o temor e acompanhava Ares nos campos de batalha, injetando nos corações dos inimigos a covardia e o medo que fazia-os fugir.
Fobia é o temor ou aversão exagerada ante situações, objetos, animais ou lugares. É o medo irracional e persistente e que gera um desejo intenso de evitá-los. Isso leva o indivíduo a enfrentar a situação, objeto ou atividade com muito temor ou se esquivar deles.
Sob o ponto de vista clínico, no âmbito da psicopatologia, as fobias fazem parte do espectro das doenças de ansiedade com a característica especial de só se manifestarem em situações particulares.
São três, os tipos de fobias:
1-Agorofobia - Medo de estar em lugares públicos concorridos, onde o indivíduo não possa retirar-se de uma forma fácil ou despercebida.
2-Fobia Social - Medo perante situações em que a pessoa possa estar exposta a observação dos outros, ser vítima de comentários ou passar perante uma situação de humilhação em público.
3-Fobia Simples - Medo circunscrito diante objetos ou situações concretas.
Dada estas variadas concepções do que é o medo podemos refletir sobre como o medo tem feito parte de nossas vidas e como reagimos diante dele?
Não quero falar sobre o medo ou fobia a baratas, ratos, nem tão pouco ao medo de escuro, de plantas, de mísseis ou de pêlos (difícil de imaginar este). Nem dos medos irracionais (os quais tem raízes profundas na mente e causas de difícil percepção)
Quero me concentrar nos medos e fobias que podem ser personificados em pessoas ou no que elas podem fazer que nos cause algum tipo de medo.
Deste crianças somos conduzidos pelos pais a ter medo de algum "bicho papão", "tutu", "boi da cara preta", ou qualquer coisa que pudesse "vir nos pegar" caso fossemos desobedientes. Deste modo os pais refreavam os filhos de fazer algo que não fosse da vontade deles.
Temos também o simples e velho medo de "tomar umas palmadas", "beliscões", "varinha de marmelo", "chineladas", assim por querer evitar algo que aprendemos na prática que dói fazíamos mesmo que a contra-gosto o que nos era determinado (ou nem sempre e nestes casos, da-lhe chinelo...).
Já na idade escolar as professoras ameaçavam "tirar pontos", "colocar para fora de sala", "mandar para a diretoria", "bilhete para os pais". As broncas e castigos dos pais ainda causavam algum impacto.
Na adolescência os medos são ampliados, fora as questões hormonais, a própria formação da identidade pessoal e social e todas as ansiedades e expectativas que temos já causam uma série de medos, "medo de tomar um fora de um(a) pretendente", medo de ser "o pior da turma", pense em qualquer coisa, até as mais banais, ninguém quer ser o último, aquele tido como menos habilidoso.
Na juventude ao pacote de fobias acrescenta-se o medo do desemprego, o medo de ser reprovado no vestibular, em muitas moças o medo de "ficar para titia".
Na vida adulta se vier o casamento é o medo de dar errado, se ficar solteiro é o medo da solidão, medo da velhice, medo da morte. Se tiver filhos, ai os temores e preocupações são multiplicados, pois se algo poderia lhe afetar, agora pode afetar a sua família também e os medos aumentam.
Poderia eu ter feito lista ainda mais extensa de medos e é evidente que cada pessoa experimentou em menor ou maior grau estes citados e ainda outros que não mencionei.
De maneira geral o medo não chega a ser um problema grave, mostra um padrão de limite individual e diante do perigo nos conduzindo a escolhas.
O comportamento diante do medo e as escolhas que fazemos diante dele é a real questão.
Lembrando de Phobos que seguia Ares,o deus da guerra, em cada combate e infligia terror nos corações é uma personificação que nos mostra uma reação comum quando algo representa uma ameaça a uma pessoa, seja para sua auto-imagem ou para a imagem pública que se tem a nosso respeito.
Todo desafio é seguido do medo, ninguém quer fracassar, ser derrotado, ferido no corpo ou nas emoções.
Se lhe perguntar se deseja ganhar 1 milhão de dólares, a resposta provável será um "sim", ou talvez um "depende do que eu tenho que fazer", ou um "não", pois se o prêmio é "alto" o desafio deve ser muito grande.
Neste "depende" o que possivelmente nos perguntariamos...
Quais as consequências para mim?
Quais as reações das pessoas se eu disser sim ou não?
Resumindo, todos querem aceitação pessoal e publica, segurança material e emocional.
Pense no quanto suas atitudes são baseadas no medo de não atender as suas expectativas próprias ou a de alguma pessoa ou a um grupo delas.
Pense no quanto decidir mudar de emprego não traz consigo o medo do outro emprego ser pior, de ser demitido, de não conseguir avançar na hierarquia.
Os medos estão associados a padrões de CERTO OU ERRADO, SUCESSO OU FRACASSO, MORAL OU IMORAL.
E já que os medos além de individuais são também parte do coletivo, da cultura de cada povo e porque não dizer da cultura mundial; podemos nos perguntar finalmente?
A QUEM DEVEMOS TEMER?
Um dirá que tem medo do ladrão, outro do mentiroso, outro de um estuprador, outro de um traidor, outro do "governo", etc...
Ao consultar a Bíblia temos a menção de palavras e expressões como:
temor, medo, terror, pavor e a mais lembrada de todas "Não temas".
Palavras estas se referindo a "pessoas em relação a outras pessoas" e entre "as pessoas em relação a Deus".
O medo de pessoas em relação a outras pessoas.
Temos medo de outras pessoas por elas de varias formas terem a capacidade de nos infligir algum dano, causar algum mal a nós ou a alguém de nossa estima e é natural e coerente buscar prevenir-se de tal coisa. Vivemos num mundo onde a violência não só física, mas a emocional são frequentemente presenciadas e visíveis em todos os meios de comunicação. O medo nestes casos poderá fazer da sociedade uma vítima, acuada e sem voz, acorrentada a uma expectativa de que a qualquer momento poderá alguma coisa acontecer com o cidadão ou sua família.
Ou provocar e despertar uma atitude de oposição na qual não se aceita que arbitrariedades e violências sejam contra nós, contra nossa família e contra nosso próximo (partindo do princípio que o egoísmo não predomine na mente de cada um de nós).
O medo das pessoas em relação a Deus
Deus não é uma personificação da natureza, nem tão pouco um emaranhado de forças magnéticas, elétricas ou nucleares, ou fruto da mente humana.
Então como Ser pessoal, que possui identidade, atributos de caráter e vontade. Dentre muitas declarações acerca do medo, vou esclarecer que Deus não conduz a sua relação com a humanidade por meio de intimidação, ou seja, não vai mandar raios, terremotos e tsunamis para que possa nos causar terror e medo; Para nos conduzir debaixo de sua vontade como um cavaleiro utiliza das esporas e chicote para por meio de dores nos obrigar a considerá-lo Deus.
Deus ama a humanidade e provou isto com um alto sacrifício:
"Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna." João 3:16
Sendo o amor o sentimento de Deus em relação a humanidade então da nossa parte o medo deve dar lugar ao TEMOR, que nos fala de respeito, reverência e honra. Nossa atenção passa a ser em agir de modo a corresponder a este amor, ainda que humanamente não consigamos retribuir em nossos melhores esforços perfeitamente, nosso medo é transformado em gratidão a Ele. E enquanto filhos de Deus passamos a nos dedicar a viver de modo digno a esta condição de Filhos de Deus, aprendendo e sendo ensinados todos os dias por Este pai Amoroso, mas que sabe como disciplinar e corrigir.
12 Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome;
13 Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.
João 1:12-13
Porém o relacionamento das pessoas e Deus com o advento das religiões e suas inúmeras doutrinas que são muitas vezes divergentes às Escrituras Sagradas foi corrompido na vida de muitos povos. As religiões ora apresentam a Deus como um
"velho sacana que não se importa com o que acontece aqui na terra";
outras fizeram uma imagem de Deus como a de "um comerciante que negocia benesses desde que se aceite pagar um bom preço ao revendedor (igreja)";
outros criaram "um deus que age como um playboy bilionário que assina o cheque sempre que o filho(a) mimado pede dinheiro para bancar suas festas e luxos";
ainda temos o "deus do tudo pode.... pode ser mentiroso, desonesto, desregrado, que mantém relações sexuais com tudo e todos, afinal o que importa é que sejamos felizes"
E o que eu considero pessoalmente o pior de todos os tipos de falsidades são a daqueles que:
Fizeram a si mesmo deuses, que criaram tais sistemas e ensinam como se fosse a Verdade, manipulando e enganando. Ameaçando e atacando a quem se opuser às mentiras que tão descaradamente travestem de "revelações" os próprios desejos e vontades como se fosse divinos.
TEMER A DEUS OU AOS HOMENS?
Lembrando que TEMOR no que se refere a Deus principalmente a HONRA, RESPEITO, GRATIDÃO, por termos sido tornados participantes da Graça de Deus. E que em relação ao homem é devido o Amor, do mesmo modo que Deus ama a cada um de nós, pois os dois maiores mandamentos são:
30 Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento.
31 E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes. Mc 12:30-31
Então a questão de temer a Deus ou ao homem se torna fundamental sempre que a vontade do homem se contrapõem a Vontade de Deus. Nestes casos a escolha acerca daquele a quem temer é óbvia e incontestável:
Temer a Deus
24 Tão-somente temei ao SENHOR, e servi-o fielmente com todo o vosso coração; porque vede quão grandiosas coisas vos fez.
25 Porém, se perseverardes em fazer mal, perecereis, assim vós como o vosso rei.
I Sm 12: 24-25
9 E todos os homens temerão
10 O justo se alegrará no SENHOR, e confiará nele, e todos os retos de coração se gloriarão.
Sl 64:9
Na segunda parte deste estudo tratarei acerca do medo que muitos de nós enfrentamos quando o homem entra em oposição a Deus e de qual posição temos de assumir diante disso.
Que possam todos ser Edificados na Palavra.
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