Freqüentemente se prega acerca do que Jesus falou: “...na Casa do meu pai há muitas moradas...” (Jo 14:23a), o que é bom e lícito. Mas antes de se ir para tais moradas celestiais temos de viver nesta morada chamada planeta Terra. Seria o meio ambiente algo que deveríamos nos preocupar? Efeito estufa, poluição, reciclagem, parece coisas estranhas a fé, mas que na verdade deveriam sim ocupar nossas atenções.
Em Gênesis 1 esta escrito que a Terra e o jardim do Éden foram feito e lá o homem foi posto para dele cuidar, bem como todos os animais aquáticos e terrestres, arvores frutíferas. Deus disse ao homem “dominai”. Então a partir disso entendemos que a humanidade recebeu liberdade para usufruir de todas as riquezas minerais, animais e vegetais, bem como os rios e mares. Muitas descobertas e avanços tecnológicos incontáveis surgiram e igualmente problemas como a destruição de floresta, extinção de espécies, poluição de rios, esgotamento dos peixes pela pesca excessiva. 40 % de todo o alimento produzido no Brasil é desperdiçado. 12% da floresta amazônica já foi desmatada para extração de madeira, formação de pasto para boi, plantação de soja ou virou deserto. Segundo a UNICEF, metade do mundo não dispõe de água potável. O aquecimento global e suas conseqüências que vão refletir na oferta de alimentos e em efeitos climáticos intensificados como chuvas e secas que causam destruições todos os anos nas cidades e centros urbanos.
Se examinarmos esta questão e considerarmos os bilhões de pessoas que correm risco de vida por causa da fome e das secas, pestes e doenças. E que milhares morrem todos os anos por guerras por água no continente africano podemos então perguntar-nos, qual é a nossa responsabilidade nisso?
Certamente não é Satanás e não são os demônios que dirigem carros que poluem, jogam lixo nos córregos e rios, consomem e produzem lixo que causam impactos ambientais nos lixões, rios e mares. Somos todos nós, cristãos e não cristãos que movimentam um capitalismo cada vez mais focado no aumento do consumo de bens industrializados cedendo à maciça propaganda que associa felicidade a aquisição de bens materiais. Somos nós que adquirimos produtos importados de países da Ásia e África a baixos custos para nós, mas com grande prejuízo a natureza e a qualidade de vida dos trabalhadores destas indústrias.
Lembrando de certa ocasião em que Paulo disse que “Mas, se por causa da comida se contrista teu irmão, já não andas conforme o amor. Não destruas por causa da tua comida aquele por quem Cristo morreu.”Rm 14:15. É evidente que este versículo se refere a questão de comidas sacrificadas a ídolos e em como isto pode atrapalhar a fé de alguns. Mas podemos no questionar tendo como princípio o amor ao próximo e que nosso modo de consumo tem destruído o meio ambiente e prejudicado a muitas pessoas. Será que posso considerar uma atitude cristã viver de modo desregrado, poluindo e destruindo este mundo na expectativa de uma morada eterna+ e aqueles que vão sofrer todos os danos, fome, sede, doenças; provalmente os nossos netos viverão em um mundo muito diferente onde água, comida, arvores, aves, rios não existam em abundancia e provavelmente serão propriedades particulares de ricos que terão seu “jardim do Éden” particular, enquanto a grande maioria das pessoas de países pobres padeceram de todos os males e necessidades.
Pregar o Evangelho é essencial e dever de todo o cristão. Não matarás é o que está Escrito. Mas porventura matar de fome e sede, ainda que indiretamente não poderá ser considerado pecaminoso contra nosso próximo, imoral e egoísmo? Olhar para o alto e sonhar com uma cidade de ouro enquanto caminhamos cada vez mais para um colapso nos centros urbanos é irracional.
Busquemos sim tudo o que é eterno e celestial, mas que não sejamos ignorantes acerca de nosso dever de dominar este mundo e usufruir de tudo com cuidado de modo a repartir com as gerações futuras as belezas e recursos. Não sendo omissos para com as vidas que se perdem enquanto usufruímos de luxos e confortos. Enquanto a poluição, o lixo, a fome, a seca e as doenças conseqüentes deste viver consumista e materialista recaem sobre aqueles que não partilham de carros, tênis, computadores ou fast-food.
Como disse Jesus: “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo” (Mt 19:19). Nenhum de nós gostaria de morrer de sede ou fome, nem por doenças e catástrofes ambientais. Não sejamos como o Mestre da Lei que perguntou a Jesus. “Quem é o meu próximo?” (Lc 10:29). Não podemos ignorar que se cuidarmos do meio ambiente muito serão preservados do mal e dizer que não temos como saber quem será ajudado se o meio ambiente for preservado seria uma mentira. E por fim 1 Co 10:31 “Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus.”
Que possamos ser cristãos também na administração desta Terra como bons mordomos que darão contas a seu Senhor de tudo o que fizermos.
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